A filosofia da ordem aceita o
princípio hermético que o Universo é uma Imagem Mental projetada pela Divindade Suprema que é a mesma Mente Universal da qual, também, fazemos parte. Isso significa que o Universo Físico é a manifestação de uma
Forma Pensamento criada por Deus (o Logos Demiurgo), um "Sonho de
Brahma" como ensinam os hindus, e que tudo se desvaneceria como um Sonho se a
Mente de Deus deixasse de "pensar". Entretanto a ordem aceita que
podemos influenciar o Demiurgo e transformar a nós mesmos em
"demiurgos criadores de mundos ou universos mágicos".
A ordem ensina que para o Homem "escapar" ou libertar-se desse
Universo Material ele precisa obter um tipo de CONHECIMENTO (Gnose) que leve a
um grau de controle sobre a sua vida e destino. Isso deve acontecer antes que o
Homem deixe para trás o ciclo das encarnações sucessivas (Roda do
Sansara) e "retorne" a Fonte de toda Luz, o Vazio (Sunya) do TAO
último, a realidade última. Quando isso acontece em sua plenitude o Homem
transforma-se em um representante da Hierarquia Oculta da Terra, um Nirmanakaya.
Os 13 axiomas
1. O universo que nos rodeia é, em sua
maior parte, desconhecido para todos nós. Existe um universo oculto, mágico,
psíquico e místico que não é perceptível aos cinco sentidos (tato, olfato,
paladar, etc.), e cuja exploração e conhecimento devem ser a meta de todo
iniciado. O não-iniciado não pode perceber este mundo sutil e está acostumado a
pensar que o cosmos é, exclusivamente, o que percebe com seus sentidos
objetivos.
2. Existem mundos luminosos, maravilhosos,
conhecidos entre nós, em sua totalidade, como PLEROMA. Nós acreditamos que todas as coisas estão
contidas no Pleroma ou Absoluto (a realidade última), que contêm todos os
mundos e dimensões possíveis. O Absoluto é a fonte de toda a criação (da
multiplicidade), além da dualidade luz e trevas, masculino-feminino.
3. O universo é composto de quatro
planos: Plano Físico, Plano Astral, Plano Mental e Plano Divino. Eles
correspondem no microcosmo humano a três corpos: o Corpo Físico, Corpo Astral
(Mediador Plástico ou Alma Animal) e Corpo Mental (Alma Espiritual). O Espírito (Mônada, a Centelha Divina) jamais encarna, ele permanece no Plano Divino e projeta uma emanação de
si-mesmo para encarnar na matéria. Antes de sua encarnação física o Espírito perpassa todos os planos e traz em sua essência a lembrança de todos eles.
4. Tudo o que ocorre dentro dos quatro
mundos (físico, astral, mental e divino) serão, no final, reintegrados dentro
do Absoluto. Também acreditamos que todas as coisas físicas são originárias do
Absoluto e descem para se manifestar no plano físico da existência.
5. Afirmamos a existência da ENTIDADE que
é a Essência fundamental de um Ser ou princípio que garante sua coesão e seu
sentimento de existir. Nosso Eu psicológico forma uma entidade mas nosso
corpo energético (vital), a nossa sombra (ka) e nosso Ser Luminoso ou divina
fonte (Atma), que assume a forma do Santo Anjo da Guarda, também. Além disso,
existem entidades humanas desencarnadas (cascões, almas ou personalidades sem
corpo etc) e entidades não-humanas como os seres elementais que vivem na
Natureza sob forma invisível. Fala-se também de entidades coletivas (egrégores)
formadas pela vibração mental tanto de seres encarnados como dos desencarnados.
6. Existem Hierarquias Espirituais Superiores
(Seres Angélicos, Bodhisatvas, Nirmanakayas etc) muito acima dos homens, assim
como também Hierarquias Espirituais Inferiores. O iniciado deve construir sua
ponte de antakarana e entrar em sintonia com os Seres de Alta Hierarquia
Espiritual, para depois exercer domínio e dirigir as Hierarquias Inferiores em
proveito de seus objetivos.
7. O iniciado pode entrar em
comunicação com muitos servidores (ou espíritos), para ajudá-lo em sua Magia e
progresso espiritual. Estes servidores pertencem a hierarquia de seres menores
da natureza ( inferiores ao homem) e são chamados de gênios ou shedins com quem
trabalhamos e devem ser tratados com respeito. Isto significa que não devemos
forçá-los a trabalhar conosco contra a sua vontade). Os espíritos shedins não são nem
"bons" nem "maus", mas sim contêm as sementes de ambos.
8. Os Malakins e Shedins (anjos e daemons)
são arquétipos Logoidais e estão em continuum com o subconsciente coletivo da
humanidade, ajudando em nossa sintonia com o Pleroma ou Mente Universal.
Entretanto enquanto o Anjo é uma entidade que orienta e instrui, um daemon é
uma entidade que testa o homem e desafia-o. Ambas as qualidades são necessárias
para o crescimento espiritual, e um mago-ocultista não só deve crescer com os
sábios ensinamentos adquiridos através de contatos com o plano espiritual, mas
ele deve também atender a todos os desafios, superá-los e finalmente atingir o
domínio da vida.
9. Um iniciado não deve associar a busca
espiritual somente as esferas celestiais, a um esforço em direção a luz. Este
pensamento apenas reflete a influencia de religiões exclusivamente monoteístas
como o Cristianismo, Judaísmo e Islamismo. Nestas religiões o mundo divino
existe em algum lugar em um céu distante e Deus é um masculino deus do céu de
luz. Entretanto nas antigas tradições pagãs o divino também pode ser encontrado
na terra e dentro dela, no submundo. Ali não existe apenas um deus macho, mas
também poderosas deusas. Um verdadeiro Adepto procura não apenas a luz mas
também penetra na escuridão em sua busca espiritual. O céu noturno com todas
suas estrelas foi tão importante quanto o céu diurno. O submundo é tão
importante de ser visitado quanto às esferas celestes.
10. A obra maior do Adeptado é a reintegração do submúltiplo humano no Self integrado e coeso. Em seguida é a abertura desse Self para a experiência da dissolução na Mente Una ou Percepção Unificada. Chamamos de submúltiplo humano os diferentes aspectos que constituem
o Ser ( ego, sombra, corpo energético, astral, mental etc). Chamamos de
Reintegrado aquele que pode, sempre que desejar, dominar inteiramente seu Eu
exterior ou Personalidade, para abstrair-se em espírito, e mergulhar nas
profundezas do Eu interior que está presente em todos os Seres
e que participa da realidade da Mente Universal. É através de sua imersão na
Mente Universal (Pleroma) que o Adepto retoma consciência dos Arquétipos
Fundamentais, que estão na base da Alma do Mundo ou Natureza Eterna.
11. Todas as coisas estão conectadas na
Matriz Astral (Alaya) através da multiplicidade e da interdependência entre os
seres e que o mundo exterior e suas forças dinâmicas não existem independentes
ou separados da mente. O mundo exterior e o mundo interior são dois lados de um
mesmo todo, no qual os fios de todas as forças e de todos os eventos, de todas
as formas de consciência e de seus objetos, estão entrelaçados numa rede
inseparável (Wird) sem fim de relações mutuamente condicionadas.
12. O Adepto é uma potência
conversível, um elo consciente da Terra com o Céu; um ser que pode permanecer à
vontade na Terra, desfrutar de suas vantagens e colher seus frutos, ou subir ao
Céu, identificar-se com a Natureza Divina e beber a largos goles a ambrósia
celeste.
13. O Universo oculto que nos rodeia é uma
projeção da consciência iniciática dos Mestres e dos Deuses, que atuam como
instrumentos da Divindade Suprema. Por isso, nossa doutrina iniciática é a
mesma que é ensinada pelos Veneráveis Mestres do Passado, que atuam a serviço
da Divindade. Esta mesma doutrina é que está sendo transmite aos nossos membros
que, inspirados para realizarem sua Grande Obra, buscaram afiliação à nossa
Augusta Ordem. Declaramos a Lei Universal:
O QUE ESTÁ FORA DE NÓS É COMO O QUE ESTÁ
DENTRO, E O QUE ESTÁ DENTRO DE NÓS É COMO O QUE ESTÁ FORA.
A chave para entender as Leis Divinas é a
exploração de nosso próprio ser e nisto repousa a chave do domínio da vida, da
maestria pessoal, da felicidade perfeita.
HARI OM TAT SAT
Conclusões Finais
Todos temos o direito de usar magia para
melhorar nossas vidas diárias, (prosperidade, sucesso, proteção etc) entretanto
devemos sempre nos lembrar que o objetivo final da Alta Magia é descobrir nosso
Eu Real que é reflexo do Supremo, o Sol Divino. O Eu Real é
análogo ao Sol que brilha perpetuamente no Céu, vejamo-lo ou não. Ele é
simbolizado pelo deus egípcio Hórus que representa o princípio imortal do
homem, uma encarnação de Rá, o Sol Divino. Porque perceber a verdadeira natureza
de si mesmo, que é inseparável da natureza do Sol Divino à Meia-Noite,
significa iluminar também o mundo em que se vive, uma iluminação que o torna um
reino mágico e Celestial. O nosso Eu Real é nosso Deus Oculto, nosso
gênio pessoal e raiz de toda iluminação.
Nenhuma experiência é exclusivamente
"boa" ou "ruim". A dor é tão válida como o prazer que
experimentamos. Segundo a doutrina dos gnósticos esses dois princípios Luz e
Sombra; o Bem e o Mal são virtualmente Um e existem por toda a eternidade e
continuarão sempre existindo enquanto houver mundos manifestados.
Termos de moralidade e ética são de
determinadas pela cultura em que vivemos e, portanto, extremamente
maleáveis. O bem e o mal são termos relevantes, por preferimos pensar em
termos individuais de "positivo" e "negativo" ( o que pode
ser bom para mim pode ser ruim para você, e vice-versa). No grande esquema
das coisas, nem a moralidade ou a imoralidade tem qualquer significado real. Em
geral os primeiros estágios de iniciação são os mais difíceis, pois eles
envolvem a superação da maior parte de nossas inclinações morais e preferências
pessoais a favor de uma nova ética, baseada na
Amoralidade do Humano Superior.
Conseqüentemente quanto mais buscar novas
experiências e ir além das inclinações condicionantes reguladas pela sociedade,
maior é realização espiritual. Não devemos ir contra nossa natureza essencial e
evitar novas experiências em cega obediência às restrições sociais. O único
pecado é a restrição, o único pecado é negar a nós mesmos, é reprimir a nossa
natureza essencial. Não existe virtude inerente a falsa moralidade da sociedade
entretanto, porque vivemos em sociedade, se alguém opta por viver fora de seus
códigos morais, ela deve estar pronta e disposta a assumir a responsabilidade
por suas ações. Acreditamos no pensamento livre, que todos nós somos entidades
individuais e que a entidade sobreviva (com sua consciência) e responda
por seus atos mesmo depois da morte física. Assim é preciso aprender a pensar
por si mesmo, pesquisar, perguntar a seu Eu Superior, teu gênio pessoal, em
seguida, decidir por si mesmo.
Obs: Em nossa tradição de Alta Magia
a criação do Corpo de Luz implica também na união alquímica de Ka e Ba, a alma
da escuridão e a alma da luz, representado pelos gêmeos espirituais Seth e
Hórus respectivamente. Na Kabalah é Nephesh e Ruach (alma animal e alma
espiritual). Os antigos egípcios afirmavam que a unificação dos dois venceria a
morte, tornando o Adepto imortal, a quem nós interpretamos como sendo um
iluminado.
Shedins são espíritos da Natureza às vezes chamados de “demônio” . Esse termo passou a significar
uma palavra malévola, inclinada à destruição ou, no mínimo, ao molestamento da
humanidade. Mas a palavra vem do grego daemon, que significava qualquer
espírito, bom ou mau, e alguns dos celebrados manuais de demonologia tratam de
espíritos bons e maus igualmente. Essa energia ou força espiritual ocupava uma
posição intermediária na hierarquia sobrenatural; posição esta, às vezes, um
pouco parecida com a de um Deus menor e considerada capaz de interferir em todo
aspecto da atividade humana, se assim quisesse ou fosse impelida (ou convidada)
a fazer.
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