sábado, 5 de dezembro de 2015

A Força Vrill e a Kundalini Terrestre


















O sistema de Alta Magia  do Lótus Negro inclui a instrução nos fundamentos teóricos e práticos da Força Vrill  que são os fluxos de energia telúrica que circulam constantemente pela superfície da Terra. O Vrill era conhecido pelos povos antigos sob muitos outros nomes tais como Orenda, Prana, Força Ódica, Orgone, Luz Astral etc. 

 Magia Atlante do Vrill

Existem grandes correntes etéricas circulando constantemente pela superfície da Terra de pólo a pólo.  Essa energia é de natureza eminentemente negativa ou telúrica e ficou conhecida pelo nome de Vrill. Sendo a Terra um organismo vivo Ela emana essas energias que partem do centro do planeta e sobem à superfície terrestre afetando todos os seres vivos. Segundo estudiosos da linha espiritualista a tecnologia do Vrill remonta aos tempos do continente desaparecido da Atlântida. O controle pleno do Vrill aparentemente oferecia inúmeras capacidades insuspeitas aos atlantes tais como curar ou ferir pessoas, elevar objetos de grande peso e mesmo ascensão as dimensões superiores de consciência cósmica. 




 execução de rituais apropriados, em momentos astrológicos certos, permite o controle ocultista dessa energia universal e libera poderes obedientes à vontade dos oficiantes. Esse controle inclui o direcionamento da vontade mágica através das linhas geomânticas para fins diversos. A experiência comprova que o controle da energia etérico-telúrica (via sistema de linhas geomânticas), pode verdadeiramente ser usada para abrir portais interdimensionais, purificar, curar, rejuvenescer, exercer controle psíquico etc. 

A fonte ou epicentro das correntes telúricas que animam a vida em nosso planeta, denominados pelos chineses de "as Veias do Dragão", derivam do centro da Terra. De fato, a aplicação correta dos princípios do Vrill inclui os ritos secretos da Serpente de Fogo nesta Terra conhecida como Kundalini Terrestre.  

Nossa tradição ocultista ensina que a energia da Kundalini, o Fogo Sagrado, é uma energia cósmica, ela vem do Sol Oculto (Logos Solar) e penetra nas profundezas  Terra.  

A  Kundalini Terrestre ascende a superfície do globo sendo distribuída através de uma rede de linhas geomânticas que conduzem a energia telúrica - o Vrill - por todo o globo. Ou seja: embora a Kundalini seja um fenômeno essencialmente terrestre sua origem é estelar, ela provêm do Sol e além dele da Estrela Azul de Sírius, da constelação de Canis Major.  Sírius é o Grande Sol Central que as antigas Escolas de Mistérios consideram como "o Sol por trás do Sol" e, portanto, a verdadeira fonte da potência do nosso Sol.  Por sua vez nosso Sol é apenas um veículo para a Grande Entidade ou Ser Angélico que preside nosso Universo Local conhecido como Logos Solar, o Sol Espiritual. 


Ou seja, o nosso orbe terrestre está subordinado diretamente ao  Logos do Sol ou Espírito Supremo que comanda o astro-chefe de nosso Sistema Solar  e que se integra ao Logos da Terra. Em algumas tradições ocultistas de influência tibetana o Logos da Terra é conhecido como Changan, o Rei do Mundo.  Na tradição judaico-cristã  tem o nome de Melchizedek.  Assim a Kundalini do Sol se conecta com a Kundalini da Terra que é a fonte do Vrill, uma energia telúrica que vem num movimento de subida, do centro do Planeta.  Para nós da O.L.N a Força ou Energia Vrill está diretamente ligada a Vontade do Buda Changam-Melchizedek que é o regente supremo da vida evolutiva e involutiva de nosso planeta Terra, o Guardião da Anima-Mundi. Ele é o Gênio da Terra, o Deus da Terra. Esse Ser já foi visto e contatado inúmeras vezes na Àsia, especialmente na Ìndia e no Tibet, mas também em outras paragens, como nos templos sagrados de Angkor-Vat no Camboja.  

O Sol age como um Portal para a Kundalini Cósmica que por sua vez desce através dos planos e  assenta em seu lócus terrestre no centro de Shambala (segundo as lendas morada do Rei do Mundo) como Monte Meru, o "eixo do mundo".  No microcosmo humano esse eixo central é a espinha dorsal. Como o sushumna está no corpo humano, assim Meru está no corpo da Terra; seu merudanda ou suporte axial, seu caminho central de shakti-kundalini. Isso significa que  do mesmo modo que o caminho central sushumna, percorre a medula espinhal humana desde o chakra raiz até o plexo supremo localizado no topo da cabeça, assim Meru (a Montanha Sagrada) representa o canal central chamado Brahma Nadi que transporta pelo sushumna da Terra (GAIA) sua grande corrente de energia vital. Os antigos xamãs altaicos sabiam muito bem que a kundalini está no topo de energia da Terra do mesmo modo que está em seus chakras, e ele usa o princípio da correspondência para criar, em estado de transe, um vórtice de Kundalini Terrestre que o ponha em contato com o cosmos.

O Reino do Umbra Astral

A Kundalini  é o Fogo Vitalizante que, advinda do Coração do Sol, encontra  sua morada no centro da Terra. 
A Kundalini está presente na humanidade assim como no planeta como um todo. Ela flui nos reinos mineral, vegetal, animal e humano em graus ascendentes de vitalidade.  Onde houver vida, haverá Kundalini mais ou menos desperta e despertando. Entretanto o direcionamento e a manipulação consciente de seu poder é um outro assunto totalmente diferente. O mago-ocultista que pretende percorrer o difícil caminho de controle, captura e canalização da Kundalini Terrestre, ou da Energia Vrill que a tudo permeia, precisa elevar sua consciência acima do Umbra que é o corpo astral  que envolve a Terra.  O  Plano Astral é o plano de ingresso e controle aos sub-planos etéricos da Matéria que o nível onde opera o Vrill.  Assim, quando obtemos o direito de entrada na dimensão astral também ganhamos o direito de acesso ao grande reservatório de energia telúrica dos sub-planos etéricos, que são o plano  de causação para nosso Mundo. 




Os magos antigos sabiam que existem entidades conhecidas como Elementais (Shedim) que deslizam nos fluxos etéricos das correntes astrais inferiores ou seja: pelas "veias do Dragão". Podemos entrar em contato com esses seres do mundo sublunar e colocá-los nosso serviço. O valor desses contatos, porém, depende do grau de moralidade do mago. 

Em outras operações da Magia Atlante do Vrill trabalhamos diretamente com a corrente lunar. Essa corrente envolve o aspecto mais denso do plano astral e de algumas entidades astrais chamadas "Kamarajas", também conhecidas como "Reis do Astral". Os Kamarajas nunca tiveram encarnação humana e são entidades que atuam nos sete subplanos desse mundo, tendo um completo domínio e conhecimento dos seres que ali existem. 


No contexto de nossa ordem esse tipo de operação magística é do tipo mais interno (secreto) pois inclui o contato com esses Seres que atuam como veículos condutores do Vrill Oculto. Os nomes dos doze Kamarajas e seus mantras (vibração sonora), Yantras (assinaturas) e Tattvas (elementos e cores) constituem assunto altamente secreto dentro do Santuário da Gnosis da O.L.N. 


Por outro lado,  somente invocando a Mãe Kundalini, a Mãe do Mundo, o iniciado consegue passar de um nível de consciência para outro e ascender acima do turbilhão astral. Nós chamamos esse processo de "Cavalgar o Dragão" o que significa convocar o Dragão Astral e torná-lo inofensivo e obrigá-lo a servi-lo. O iniciado então domina os 05 Elementos do Pentagrama Gnóstico ou estrela de 5 pontas ,que expressa o domínio do Espírito sobre os Elementos da Natureza. 



O Akasha, a Anima Mundi ou Mãe do Cosmos é uma das forças mais difíceis de entender e controlar pois é a face feminina do Demiurgo tornado visível; a emanação divina mais próxima ao plano material (Assiah). 


Se for bem sucedido nessa empreitada o iniciado pode, inclusive, "inverter o Pentagrama" e utilizar-se da energia telúrica que ele representa. 




Na alta iniciação, a Esfinge egípcia, formando uma só unidade em quatro partes, representa a Mãe do Mundo, a Luz Astral Bruta e suas propriedades. Ela (a esfinge) simboliza as quatro formas elementares da substância astral em sua unidade:

FOGO, ÁGUA, TERRA, AR

O Fogo, pelas garras do Leão.

A Água, pelos seios da Mulher.

A Terra, pelos flancos do Touro.

O Ar, pelas asas da Águia.

O Espírito (o Éter, o  Quinto Elemento) não aparece na imagem. Com efeito, todos ocultistas dignos desse nome sabem que o Espírito não pode agir diretamente sobre a matéria. Ele opera por meio da mente, e a mente por meio do Akasha, da Luz Astral, o veículo das forças elementais/telúricas do Vrill. 



Obs:  Ordem do Lótus Negro (O.L.N) ensina que o Universo é formado por múltiplas dimensões não registradas pelos sentidos. Além das fronteiras do mundo material em que conhecemos existe um campo vivo de energia universal que contêm infinitos mundos etéreos e fluídicos, totalmente invisíveis a visão humana. Esses mundos invisíveis não estão separados uns dos outros, mas estão todos mergulhados num mesmo lugar: o Reino da Umbra, o Campo Astral que envolve a Terra. Assim todos os mundos ou esferas hiperfísicas existem também na quarta dimensão do espaço que envolve a Terra, como as camadas de uma cebola envolvem seu centro, o que inclui também os mundos astrais do pós-morte que os tibetanos chamam de bardo. 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O que é Magia Cerimonial ?

                                                                             


O que é Magia Cerimonial?

Segundo Charles Barlet, "A Magia Cerimonial é uma operação através da qual o Homem busca forçar, pelo próprio jogo das Forças Naturais, as potências Invisíveis de diversas ordens a agirem conforme o que ele requer Delas. A esse efeito, ele as surpreende, as agarra, por assim dizer, projetando [pelo efeito das "correspondências" analógicas que supõe a Unidade da Criação], Forças das quais ele mesmo não é senhor, mas as quais ele pode abrir caminhos extraordinários, no próprio seio da Natureza. " [Charles Barlet: A Iniciação, n° de janeiro de 1897]. 
A Magia Cerimonial abrange vários sistemas mágicos entre eles a Magia Talismânica, Salomônica, Enochiana, Greco-Egípcia etc. O Ritual vem a ser a parte falada do cerimonial, onde se incluem todas as invocações, evocações, conjuros, preces e orações proferidas pelo mago e/ou magista.
Na Magia Cerimonial, as hierarquias de “Poder”, têm que estar bem definidas, orquestradas, paramentadas, documentadas e praticadas. Os materiais ritualísticos atuam, mas só tem validade se corresponderem ao estado íntimo adquirido. Assim, cada instrumento exterior (seja o bastão, a espada, o Tetragramaton, o Pentagrama e outros) torna-se um meio de catalização dos espíritos e forças invocadas.
Em geral magos cerimoniais trabalham com energia interna (Ki) combinada com a energia de diversas entidades não-humanas (deuses, anjos, gênios etc) para realizar suas operações mágicas.  O magista (termo usado para ambos os sexos) domina e ordena as entidades de diversas hierarquias e para tal tem que ter controle tanto interno como externo. Algumas vezes uma forma de energia espiritual mais geral (planetária, elemental ou zodiacal) pode ser usada para criar “elementais” artificiais, consagrar talismãs e amuletos, lançar feitiços etc. Outras vezes ele precisa pedir ajuda a um arcanjo ou mesmo evocar um daemon (vulgarmente chamado de demônio) para fazer sua magia. 
Muitas vezes são utilizados nomes e atributos de Deus (ou deuses) sob a forma de "Nomes Bárbaros de Invocação e Evocação" que formam as palavras de conjuração,  em geral uma mistura do latim, hebraico, grego e gnósticos.

Atualmente a Magia Cerimonial se refere a muitas tradições diferentes, mas a maioria é geralmente baseado na Kabala, Herméticos, Rosacruzes, Alquimia ou no trabalho de várias facções da Golden Dawn, que usa todas elas. Thelema, a tradição de Aleister Crowley, está agrupada com a Magia Cerimonial. A Magia Cerimonial é também chamada de Alta Magia. 

A História da Magia Cerimonial é complexa devido a quantidade de influências que ela recebeu ao longo de sua existência. Neste artigo iremos analisar a evolução da Magia Cerimonial desde a Antiguidade Oriental passando pela Idade Média e Renascença e alcançando os dias atuais.


Século XIX 


                        

Em seu livro “As Ciências Ocultas” Arthur Edward Waite admitia que as técnicas de Magia Cerimonial deviam “ter hoje (1891) efeito tão forte quanto em qualquer período da Antigüidade. (...) Ora, o valor real e demonstrável do cerimonial da magia tem dois aspectos. Produzia no operador uma exaltação que desenvolvia as faculdades latentes de seu ser interior; e as condições ambientais necessárias para o sucesso de todo tipo de experiência mágica eram produzidas por (...) um apelo aos sentidos, exercido por um ritual exuberante e irresistível (...), seus perfumes e incensos.”

Para Arthur Waite, o princípio fundamental para a comunicação com várias classes de inteligências transcendentais ( tais como anjos, espíritos elementares, demônios etc) “...residia no exercício de certa força oculta existente no mago e intensamente exercida para o estabelecimento daquela correspondência entre os dois planos da natureza capaz de efetuar o propósito almejado. A síntese desses métodos e processos tinha o nome de Magia Cerimonial e constituía, de fato, uma tremenda válvula multiplicadora das faculdades latentes da natureza espiritual do homem.”


Entretanto o renascimento da Magia Cerimonial teve início quase cem anos antes de Waite escrever o livro acima. Em 1801 o inglês Francis Barret publicou sua obra literária única: “O Mago, ou Inteligência Celestial". O Mago era uma compilação da magia dos grimórios e dos magos filósofos medievais. Grande parte do material recolhido por Barret provém realmente de manuais ocultistas mais antigos, como ele sugere no prefácio: 

"Reunimos nessa obra a sabedoria dos magos mais famosos, como Zoroastro, Hermes, Apolônio, Simon do templo, Trithemius, Agripa, Dee, Paracelso, Roger Bacon e muitos outros.." 


Na verdade, a maioria do material vinha do livro de Agripa "Três Livros de Filosofia Oculta" e do Heptameron de Pietro d`Abano.


O revivalismo ocultista iniciado por Barret continuou por todo o século XIX através da linhagem dos ocultistas franceses que tiveram como expoentes principais: Eliphas Levi, Papus (Dr. Gerard Encausse), Stanislas de Guaita, Joséphin Peladan e Saint-Yves D’Alveydre. Integrados entre si por identidades doutrinárias ou por vínculos de mestre e discípulo, esses autores propõem uma visão eticamente orientada, enfatizando a importância do Mago alinhar-se com as Forças da Luz.


Antiguidade Clássica



A Teurgia Neoplatônica foi a raiz da Alta Magia ocidental moderna.

A Teurgia surgiu através de Jâmblico de Chalcis (250 – 330 d.C) místico e filósofo neoplatônico do século IV da nossa era. A palavra: “Teurgia”, significa “Ação dos Deuses” ou ainda “Serviço Divino” sendo considerada um tipo mais elevado de Magia, realizada num contexto espiritualista por filósofos e sacerdotes.


A Teurgia grega, ou Magia dos Deuses, era originalmente egípcia. Isto não surpreende visto os rituais de mistérios desenvolvidos no Egito influenciaram de maneira determinante praticamente todas as escolas de magia e ocultismo que se desenvolveram posteriormente no Ocidente.


A Filosofia Hermética formava a base teórica que fundamentava as práticas teúrgicas entre os neoplatônicos. Esta filosofia fundamentava-se num tipo de gnose emanacionista que buscava elevar o iniciado as alturas do Uno Transcendental pela escada da Natureza. Nessa ascensão as esferas celestiais o iniciado travava comunicação com aqueles poderes espirituais denominados “deuses”. 

Os caminhos de busca do Mago, deixados pela Hermética, são: alcançar o limiar do Espírito para ser onipotente e conquistar o conhecimento (gnose) da Mente Cósmica; e conseqüentemente, entender a natureza do Universo.


A Teurgia tinha plena aceitação entre os filósofos pagãos, que a consideravam uma barreira contra o avanço irresistível do cristianismo e como algo situado por cima da filosofia clássica, dado que permitia o acesso direto aos deuses. Segundo o neoplatônico Jâmblico " não é o pensamento que liga o teurgo aos deuses...a união teúrgica (com a Divindade) se alcança unicamente pela eficácia de atos inefáveis realizados de modo correto."

Por ser considerada considerada uma espécie de concorrente mística ao Cristianismo a Teurgia foi muito perseguida pelas autoridades  eclesiásticas e, por isso, seus praticantes tiveram seu número reduzido. Embora não se tenha sobrevivido registros nós acreditamos alguns teurgistas passaram a formar grupos secretos e continuaram praticando sua arte em silêncio.


Idade Média


                                                                                  

Desde o Império Romano até a Reforma, a magia ritual e cerimonial estava totalmente entrelaçada com a religião predominante na época. Quando o cristianismo alcançou o poder com o imperador Constantino, a Magia assumiu rapidamente a natureza cristã. Muitas cerimônias de magia bastante usadas, algumas tão antigas, provindo da época da Babilônia, assumiram a nova roupagem teológica da religião cristã. As práticas religiosas cristãs impuseram, aos antigos círculos mágicos babilônicos, os nomes dos quatro anjos judaicos dos pontos cardeais. Elas também substituíram os nomes das divindades do panteão babilônico pelos nomes dados pelo panteão romano às forças planetárias, e os nomes das divindades hebraicas do Antigo Testamento pelos nomes dos atributos do Deus Criador.

A regra era a cristianização dos ritos e das fórmulas mágicas. Os apelos divinos eram feitos em nome de Jesus Cristo, e as alusões ao Novo Testamento eram comuns. Nomes hebraicos de poder, como Agla e Tetragrammaton, foram substituídos por frases cristãs e assim por diante.

Muitos dos ritos da Chave de Salomão, por exemplo, foram “cristianizados” – quase seguramente pelas mãos dos padres – para dar a impressão que resultados taumatúrgicos podem ser conseguidos através deles com adições cristãs. 

De modo geral, os encantamentos e as técnicas de preparação do mago e do material eram centrados em orações nas quais são exaustivamente repetidos muitos nomes hebraicos e gregos de Deus, de anjos e demônios, além de fórmulas mágicas em latim ou hebraico mais ou menos distorcidas.

Surgimento da Alta Magia

A Magia Cerimonial evoluiu e modificou-se e já a partir do final do século dezenove buscou-se reviver novamente os elementos teúrgicos do êxtase, que são a chave para o conhecimento Divino ou gnose. Assim é que as mudanças promovidas por Eliphas Levi, Mathers, Westcott e seus sucessores da Golden Dawn era a de mesclar as tradições mágicas anteriores com uma mística união com o Divino, mergulhando-as no espírito de otimismo e fé no progresso humano que caracterizava o século XIX. Foi a esta mistura que Eliphas Levi, com sua genial capacidade de criar rótulos úteis, inventou o termo haute magie, Alta Magia. 

Após Eliphas Levi a Alta Magia sofreu transformações e passou a combinar aspectos do misticismo judaico-cristão com as antigas Tradições de Mistérios da Grécia, Egito e Mesopotâmia. Os principais agentes dessa mudança foram a Ordem Hermética da Golden Dawn e seu mais conhecido membro Aleister Crowley.  A primeira mudança veio em relação às entidades as quais se dirigiam. Embora mantivessem as hostes judaico-cristãs, a Golden Dawn também se dirigia a deuses do panteão egípcio e greco-romano, sempre trajando túnicas e adornos sugestivos das deidades invocadas. Depois que Crowley seguiu por conta própria, continuou a dirigir-se aos antigos deuses. Mais adiante, ele negou a existência de um poderoso Ente Supremo no topo da hierarquia universal. Proclamou que o objetivo do Mago era "alcançar o Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião", satisfação da "verdadeira vontade", e a realização da própria divindade. Apesar de alguns magos terem sido influenciados pela própria obra de Carl Jung, que considerava todos os deuses como imagens arquetípicas projetados por um inconsciente coletivo, e por filosofia orientais, outros entendem os deuses como seres reais ou personalidades incorpóreas onipresentes, intimamente ligadas com sua cultura de origem e com a essência universal de onde vieram.

Existe pouca dúvida de que Crowley acreditasse que o Sagrado Anjo Guardião fosse uma entidade externa à própria pessoa, uma das inúmeras inteligências operando de outras dimensões da existência. Para Crowley, a realização da divindade do mago não significa sua absorção no absoluto, significava a realização de sua linha de evolução individual. Na verdade essa realização é um processo gradativo de iluminação da consciência humana rumo a Consciência Cósmica.

Entretanto, e por melhor que tenham sido as intenções dos magos modernos, algo se perdeu durante todo esse processo de renovação da Alta Magia. O que Levi e os ocultistas do século XIX tencionavam fazer era liberar as habilidades mentais e espirituais latentes dos seres humanos através do uso da Magia Cerimonial Tradicional. Era uma forma de terapia destinada a permitir que os seres humanos evoluíssem até se tornarem deidades, ou até manifestar o divino que já existia neles. Entretanto o objetivo maior dos magos cerimoniais da Idade Média e Renascença não era somente espiritual. Eles também visavam obter o domínio sobre os espíritos do Mundo Inferior para obrigá-los a realizar seus desejos no mundo material. 

Já próximo ao final da Idade Média os magos cerimoniais eram estudiosos de mapas astrais e alquimia, praticantes de geomancia oracular, de kabbalah angélica, de magia talismânica, e de cristalomancia ritual, geralmente dentro de uma visão trinitária cristã. Embora influenciados pelo manto teológico do catolicismo a orientação dos magos medievais e renascentistas era pragmática. No estilo da antiga magia egípcia, eles buscavam baixar a metafísica ao nível físico, e realizar ritos destinados a compelir forças sobrenaturais, quaisquer que sejam, a realizar suas ordens.

Com o surgimento das ordens iniciáticas modernas o foco mudou e a ênfase em resultados no mundo físico deu lugar ao autoconhecimento e a busca do transcendental. Não que os magos antigos não se interessavam por evolução espiritual. Eles também ansiavam por gnose (conhecimento) mas a orientação, e a motivação, eram diferentes. Enquanto os magos da Goldem Dawn e outras organizações ocultistas modernas buscavam uma espécie de ascensão espiritual cuja competência mágica era medida através de graus iniciáticos de avaliação subjetiva, os magos antigos visavam sempre precipitar mudanças no plano físico. 

Mas mesmo que o objetivo maior da Teurgia Medieval tenha sido realizar atos taumatúrgicos uma mudança na realidade aparente deve ser sempre precedida por uma mudança psicológica, na estrutura mesmo da personalidade do mago. O divino, o supra-natural deve agir através do mago utilizando-o como um canal de manifestação para que as forças “desçam” sobre os planos e “milagres” aconteçam.